Esta semana assisti o filme ´Guerra de Canudos´ e fiquei interessado pelo assunto, em particular sobre a morte do líder do movimento, Antônio Conselheiro.
O roteiro do filme parece indicar que ele cometeu suicídio, mas alguns historiadores afirmam que a morte seria resultado de estilhaços de granadas ou de uma diarréia.
O estranho desta história é que o cadáver de Antônio Conselheiro foi retirado de sua sepultura e a cabeça foi cortada para ser levada até a faculdade de Medicina de Salvador.
Isto foi feito pois se acreditava na época que “a loucura, a demência e o fanatismo” estariam estampados na mistura de raças e nos traços faciais característicos.
Esta técnica de medida é conhecida como craniometria, e era muito utilizada por ingleses, no século 19, para classificar pessoas de acordo com a raça, temperamento criminoso, inteligência, etc. A mesma idéia também foi empregada pelos nazistas para realizar as classificações entre arianos e não-arianos.
Um artigo na revista Psicologia em Estudo, relata o estudo feito na época pelao pesquisadora da Bahia, Nina Rodrigues, e os resultados obtidos por ela indicavam que Antônio Conselheiro teria os tais ´índices craniométricos normais´, mas mesmo assim Rodrigues relatou que o crânio denotava a sua condição de mestiço.
É certo que atualmente a craniometria é considerada sem validade para determinação de temperamento criminoso e/ou inteligência.
Sempre que leio sobre assuntos desta natureza acabo vendo que indicam como referência o livro ´A Falsa Medida do Homem´ do Stephen Jay Gould. Apesar de eu nunca ter lido, penso ser uma boa fonte de informações.
(imagem de uma craniometria (sem relação com Antônio Conselheiro))
Ps: Obrigado, Robson Fernando, pelas dicas.
Uma correção: Nina Rodrigues era homem — se chavama Raimundo Nina Rodrigues.
Caso tenha se confundido com a autoria do artigo da revista, este foi escrito pela doutoranda Evenice Santos Chaves.
Para quem pouco ouviu falar de Nina Rodrigues, realmente fica aquela confusão, pensa-se que foi uma mulher. Mas é normal que isso aconteça.
Abs
chacina selvageria barbarismo contra um povo bravo
Sou um aficcionado pela Epopéia de Canudos(sou dono de um museu militar em são Paulo, atualmente desativado, já lí Os Sertões mais de cem vezes)e em minha modesta opinião, muita coisa está mal-contada nessa estória( e não História…). Em primeiro lugar, se o crâneo de A.Conselheiro foi mesmo levado para salvador e segundo uma versão oficial”perdido”num incêndio junto com outras peças antropométricas importantes, será que ele não teria sido fotografado antes da”destruição”? Se foi, porque essas fotos não são divulgadas? Os despojos sem cabeça do Conselheiro ainda estão ao lado da Latada ou foram exumados? Porque os restos da”Matadeira”não foram levados de volta a Canudos? Porque não existe um museu digno do nome no P.E.de Canudos( se já existe, eu desconheço). Etc.