Gabinete do boticário Ferrante Imperato (1521-1609) de ‘Dell’historia Naturale‘
Na Europa dos séculos XVI e XVII surgiu uma paixão pela coleção de objetos curiosos, estranhos e exóticos.
As viagens de conquista e exploração européias resultaram em uma expansão significativa do conhecimento sobre outras regiões do mundo. As viagens de exploração serviam também para a coleta de objetos até então desconhecidos pela cultura local.
Não demorou muito para que as coleções fossem de alguma forma organizadas e abertas aos visitantes, originando assim acervos que eram conhecidos como “Câmaras de maravilhas” ou “Gabinetes de curiosidades”.
A ganância e impulso pelos colecionadores e fornecedores em obter peças cada vez mais estranhas e curiosas possíveis, acabou por incentivar também a criação de histórias fantásticas, como, por exemplo, a existência de um “cordeiro vegetal da Tartária” ou “barometz” que seria um ´animal´ proveniente da Ásia Central e que vivia como uma planta, preso ao chão por meio de uma ou mais hastes. Ou então a história do peixe rêmora que conseguia sugar cascos de navios, atrasando sua viagem em alto-mar. A fraude de existência de um suposto ´ganso vegetal´ da Escócia, e que brotaria do fruto de uma árvore, garantia lucros na França católica onde fazia sucesso em refeições vegetarianas na quaresma. A coleção de rabos de Unicórnios facilitava a vida dos fraudadores, que não precisavam procurar um meio de simular a existência de um chifre.
As coleções não incluiam somente fraudes, mas também atrações verdadeiras, enão menos interessantes para europeus da época, como os camaleões, enguias elétricas e plumagens de aves-do-paraíso (que acreditavam nunca pousar durante toda vida).
A idéia dos Gabinetes de Curiosidades foi aos poucos mutando para o conceito dos museus modernos . Mas ainda existem coleções de preservam o espírito de colecionar objetos estranhos e inusitados.
http://en.wikipedia.org/wiki/Cabinet_of_curiosities
‘Museo Cospiano Annesso a Quello del Famoso Ulisse Adrovandi‘ por Lorenzo Legati – , 1677.
Mais informações
O unicórnio e o cordeiro da Tartária – A Ciência do Renascimento (Scientific American Brasil)
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