No passado este blog recebia frequentes comentários com reclamações dos visitantes (e elogios também 😉 ). Muitas das reclamações tinham o seguinte tom “Esse site não tem o que eu quero!”; e algumas era acompanhadas de uma sequência de palavrões. Atualmente os comentários estão cada vez mais raros. Suspeito que os descontentes não tem mais paciência nem para reclamar. E os satisfeitos apenas utilizam as informações e vão embora para outro site em uma navegação apressada.
Eu não conseguia entender direto o foco desse tipo de visitante. O que ele queria? Que eu adivinhasse os desejos? Que este blog tivesse algum tipo de obrigação em atender imediatamente as vontades de qualquer visitante aleatório que eventualmente chegasse ao site?
Recentemente, ao ler o livro ‘O Filtro Invisível – o Que a Internet Está Escondendo de Você‘, de Eli Pariser, comecei a entender um pouco mais do perfil desse tipo de visitante exigente.
Descobri nele os detalhes das mudanças que a internet vem sofrendo nos últimos anos. Por exemplo, desde 2009 o Google adapta o resultado das buscas conforme o perfil de quem está procurando. Ou seja, a cada ano a internet fica mais e mais personalizada. A mesma tática é utilizada por diversos serviços e sistemas de busca na internet. E um dos expoentes nessa personalização é o Facebook; que esmiúça o perfil e hábitos do usuário para filtrar e mostrar praticamente só assuntos que o interessam. É uma bajulação extrema. São treinadas a achar que tudo deve ser como elas querem. Devem ser atendidas com eficiência ou ficarão muito irritadas.
As pessoas são seduzidas por esse tratamento personalizado. Quem não quer ler exatamente as coisas que gosta? Quem gosta de ser contrariado? Ou demorar para achar alguma informação que procura? Queremos tudo pronto e agora!
Então o futuro do Glúon/blog é morrer por não agradar os visitantes ou servir de fast-food informativo para pessoas que vindas do Facebook ou Google ‘encontraram o que queriam e foram embora para outro site encontrar mais coisas que queriam’.
Peço desculpas aos que passaram por este texto e não era exatamente o que elas estavam precisando no momento. (se é que esses visitantes chegaram a ler até este ponto do texto ¬¬. Suspeito que já devem estar a vários cliques de distância.)
Um adendo. Percebo que algo semelhante ocorre com alguns professores, que são cada vez mais obrigados a modificar o estilo de aula para ensinar ‘o-que-interessa-aos-alunos’. Essa urgência de narcisismo pedagógico acaba sendo travestida com nomes de ‘assuntos do cotidiano’ ou atrelada às ideias do psicólogo da educação David Ausubel. Mas suspeito que não passam de um desespero educacional em busca da atenção perdida.